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ILÊ AXÉ OIÁ MEGUÊ - TERREIRO DE SANTA BÁRBARA - QUILOMBO PORTÃO DO GELO - São Benedito

Atualizado: há 2 dias

O Terreiro Santa Bárbara — Ilê Axé Oyá Meguê, conhecido popularmente como Terreiro Xambá ou Terreiro do Portão do Gelo, é uma das mais importantes casas de culto afro-brasileiro de Pernambuco e representa, de forma viva, a tradição da Nação Xambá. Localizado no bairro de São Benedito, em Olinda, o terreiro é também reconhecido como quilombo urbano desde 2006, constituindo um espaço de resistência, memória e valorização da herança africana.

A história da Nação Xambá em Pernambuco remonta ao início do século XX, quando Artur Rosendo Pereira, vindo de Alagoas, trouxe para o estado os fundamentos dessa tradição religiosa. Em 1927, ele iniciou Maria das Dores da Silva, mais conhecida como Maria Oyá, que em 1930 fundou seu próprio terreiro, dando forma à prática da Nação Xambá em território pernambucano. No entanto, em 1938, durante o período de repressão do Estado Novo, o terreiro foi fechado pela polícia, e Maria Oyá faleceu no ano seguinte, deixando sua comunidade dispersa.

A continuidade da tradição Xambá foi retomada por Severina Paraíso da Silva, conhecida como Mãe Biu do Xambá, que reabriu a casa em 1950, inicialmente no Recife, e posteriormente, em 1951, transferiu o terreiro para o endereço atual, na Rua Severina Paraíso da Silva, no Portão do Gelo, em Olinda. Mãe Biu tornou-se uma das figuras mais respeitadas das religiões de matriz africana no Brasil, conduzindo o terreiro por mais de cinquenta anos e enfrentando, com dignidade e sabedoria, o preconceito e as perseguições religiosas que marcaram o século XX.

Sob sua liderança, o Terreiro Xambá firmou-se como espaço de resistência cultural e espiritual, preservando os rituais, cânticos, danças e saberes ancestrais que compõem a Nação Xambá. Após o falecimento de Mãe Biu, em 1993, a direção religiosa passou para Mãe Tila (Donatila Paraíso do Nascimento) e, posteriormente, para Ivo de Xambá (Adeildo Paraíso da Silva), que hoje mantém viva a tradição iniciada por seus antepassados.

Mais do que uma casa de culto, o Terreiro Xambá é um centro de cultura e identidade negra. Em seu espaço florescem expressões artísticas e comunitárias como o Coco da Xambá e o grupo Bongar, que difundem os ritmos, danças e cânticos da tradição afro-pernambucana. Em 2002, foi criado o Memorial Severina Paraíso da Silva (Mãe Biu), localizado no próprio terreiro, dedicado à preservação da história da Nação Xambá, reunindo fotografias, objetos litúrgicos e registros da trajetória das mães de santo que marcaram a sua existência.

Atualmente, o Terreiro Xambá mantém intensa atuação religiosa e social, participando de projetos voltados à saúde, educação e cidadania, como o programa “Saúde nos Terreiros”, em parceria com a Prefeitura de Olinda. O espaço é símbolo da resistência afro-brasileira, um lugar onde fé, ancestralidade e cultura se entrelaçam, reafirmando a presença negra na formação de Pernambuco.

O Terreiro Xambá, ou Ilê Axé Oyá Meguê, permanece, assim, como um dos mais poderosos símbolos da permanência das tradições africanas no Brasil — um território sagrado que celebra a força dos orixás, a sabedoria dos mais velhos e a continuidade de uma história construída com dignidade, coragem e axé.


XAMBÁ- Prefeitura de Olinda.jpg
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