BICAS DE SÃO PEDRO, QUATRO CANTOS E ROSÁRIO - Centro Histórico de Olinda
- Larissa Andrade
- 26 de nov.
- 2 min de leitura
Atualizado: há 2 dias
Durante o período colonial, Olinda foi uma das cidades mais importantes de Pernambuco e do Brasil. Construída sobre colinas, com ruas estreitas e ladeiras íngremes, a cidade dependia das bicas públicas — fontes de água — para o abastecimento da população. Entre as mais conhecidas estão a Bica de São Pedro, a Bica dos Quatro Cantos e a Bica do Rosário.
Essas bicas eram locais fundamentais do cotidiano da cidade: nelas, as pessoas buscavam água para beber, cozinhar e lavar roupas. Mas, além de sua função prática, as bicas também eram espaços de convivência social e de resistência cultural — especialmente para a população negra escravizada e libertos.
A Bica de São Pedro
Localizada próxima à Igreja de São Pedro, essa bica era usada por trabalhadores e escravizados que viviam ou prestavam serviços na região. A água retirada dali servia aos engenhos e às casas dos senhores, mas eram as mãos negras que a carregavam pelas ladeiras. Para muitos africanos e seus descendentes, esse espaço se tornava também um ponto de encontro, onde trocavam notícias, cantos e práticas de origem africana.
A Bica dos Quatro Cantos
Situada em um dos cruzamentos mais conhecidos de Olinda, a Bica dos Quatro Cantos era um ponto de passagem constante. Escravizados, vendedores e trabalhadores urbanos circulavam por ali todos os dias. Com o tempo, o local ganhou importância como um ponto de sociabilidade popular, onde se formavam laços comunitários e se transmitiam tradições orais e culturais de matriz africana.
A Bica do Rosário
Próxima à Igreja do Rosário dos Homens Pretos, a Bica do Rosário tem um valor simbólico ainda maior. A igreja foi construída por e para pessoas negras, muitas delas escravizadas ou libertas, que ali encontravam um espaço próprio de fé e solidariedade. A bica ao lado era utilizada por essa comunidade, tornando-se parte de um território negro de devoção, trabalho e convivência. Assim, água e espiritualidade se misturavam: lavar-se ali podia representar também um ato de purificação e resistência.






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